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domingo, 24 de outubro de 2010

Pavor em Barão de Guaipi - Parte 2

Era uma tarde de outono, quinze anos já havia se passado desde o desaparecimento de Thiago. A polícia não havia conseguido resolver nada, pois naquela noite, por estar muito frio, todos haviam se recolhido mais cedo. Portanto, as ruas estavam totalmente desertas e assim ninguém havia visto o menino minutos antes de seu suposto sumiço. Alguns diziam que fora um seqüestro, mas os seqüestradores nunca entraram em contato. Outros já achavam que o menino havia fugido de casa, pois coisas desse tipo acontecem bastante com adolescentes, mas o menino não tinha motivo pra fazer isto. Seus pais esperavam que ele fosse entrar pela porta da frente, ou a dos fundos, a qualquer momento. Mesmo depois de quinze anos,  principalmente depois que Vanda se casou e eles voltaram a ser aquele solitário casal. Só que desta vez não era como a época em que eram recém casados, desta vez toda aquela alegria de estar ao lado da pessoa que ama havia se convertido em uma tristeza profunda, pois quem eles mais amavam nunca voltara pra casa.
A galera ficou em choque quando soube do caso. Principalmente Dayana, depois que a mãe de Thiago lhe entregou uma carta que ele nunca havia tomado coragem para lhe dar. Na carta ele dizia toda a sua paixão secreta pela linda menina com traços orientais.
Depois do ocorrido, ninguém, e volto a dizer, absolutamente ninguém ficava nas ruas até tarde. As crianças daquela época eram acompanhadas de seus pais ou de um responsável, mesmo de dia, para evitar mais um caso de desaparecimento. Até mesmo a galera parou de se ver, tentaram se reunir mais umas quatro ou cinco vezes. Mas não dáva, todos se lembravam de Thiago, alguns até choravam. Pois sabiam que não era mais a mesma coisa sem a presença do velho amigo. Depois disso, cada um seguiu seu rumo e quando se encontravam se cumprimentavam apenas com um frio oi.
Os únicos que continuaram a se ver foram Liliam e Matheus. Que começaram a namorar depois de um tempo. Seis anos depois se casaram. Dois anos após o casamento, nasceu Julia, sua linda filha.
Dayana agora, era proprietária de uma loja de calçados no centro da cidade. Não se casou, e havia terminado seu namoro com Roger, quando Liliam estava completando quase um ano de namoro com Matheus. Seguiu sua vida estudando marketing e era uma profissional muito bem sucedida, morava sozinha e não tinha interesse em arrumar alguém.
Roger era um advogado, casou-se com Ellen, uma simpática advogada que ele conhecera na faculdade. Não tinham filhos por que no momento não era de interesse de nenhum das partes. Estavam sempre vivendo uma lua de prolongada e com um filho eles sabiam que isso iria acabar.
Flávia havia se tornado médica e se mudou daquela cidade logo após se formar. Embora vivesse em uma cidade grande agora, ela detestava aquilo tudo e por isso estava sempre visitando seus pais que ainda viviam na cidade em que ela foi criada. Sua vida era tão agitada que não tinha tempo mais para fazer nada, contudo, ela não se casou.
Monique se tornou uma grande atriz e também se mudou de lá. Era mãe de gêmeos: Igor e Iago. Mas seu casamento com Charles não durou nem cinco anos, você sabe como esses famosos não param com ninguém. Mas para sua felicidade conheceu Pedro, um galã de novela do horário nobre.
Fernando continuava sua vida na velha cidadezinha, fazia parte agora da polícia local. Também estava já casado com Sheila, uma mulher muito autoritária que estava grávida de um menino que iria se chamar Henrique. Embora soubesse que aquele filho que estava no ventre de Sheila não era seu, Fernando estava disposto a assumir, pois amava muito sua esposa e tinha medo de perdê-la.
Rafael não teve muita sorte com o futuro. Ainda morava ali com seus pais. Estava cursando a quarta faculdade, nunca conseguiu se encontrar em um curso superior. Agora estava cursando engenharia mecânica, mas antes foram matemática, direito e fisioterapia e não chegou nem na metade de nenhum. Namorava Stella, uma moradora de seu mesmo bairro. Stella queria se casar, mas sabia que Rafael não tinha condições no momento. Somente depois da faculdade, mas não se sabe qual.
Era uma quinta-feira, e Liliam estava organizando sua festa de aniversário  que seria no próximo sábado. Estava em casa sozinha, Matheus estava trabalhando e Júlia na escola. Liliam sempre aproveitava esses momentos para colocar suas idéias em prática e organizar suas coisas. Estava mexendo em umas caixas de sapato velhas, que continham fotos de seus melhores momentos desde a infância. Pois sua idéia era fazer um mural de toda a sua vida, registrada em várias épocas.
Ao mexer em uma caixa, cuja tampa estava escrito 1995, ela se deparou com várias fotos da galera. Começou olhar foto por foto, se recordando daqueles bons momentos em que gostaria muito que voltassem. Pegou um foto sua com Thiago ao seu lado, virou no verso e estava escrito “Amigo, sentirei saudades”. Suspirou, pois isso tudo ela já havia superado. Porém não esquecido. Divertiu-se em se lembrar de como Fernando era bobo, todos zuavam da ingenuidade dele, coisa que não mudou muito. Uma foto das meninas dando língua, uma de Roger sorrindo pra foto abraçado com sua irmã Dayana que escondia a cara de vergonha, outra de todos juntos em um passeio que fizeram no zoológico, ao ver essa foto Liliam sorriu ao lembrar se de que ela teve de pedir para um mendigo batesse aquela foto para que ela pudesse sair também.
Depois de ter tantas recordações daquela época, Liliam pensou: “Por que não chamar todo mundo pra minha festa? Seria um modo de rever todos.” E assim ele fez. Entrou em contato com Dayana, sua irmã, que ainda mantinha contato com Flávia. Ligou para Flávia e ficou satisfeita ao saber que ela iria vir para a cidade no final de semana, para ver seus pais. Portanto, com Flávia já estava tudo confirmado.  Quanto a Roger, Fernando e Rafael também foi bem fácil, pois todos ainda moravam na cidade. O problema era falar com Monique, que depois que foi embora nunca mais falou com ela, eles só viam Monique pela TV e nada mais. Mesmo assim Liliam arriscou, conseguiu localizar a velha amiga em um site de relacionamento na internet, e deixou lá um recado convidando-a.
O telefone tocou, Liliam levou até um susto, pois estava sentada ao lado do aparelho. Respirou, pegou o telefone e atendeu:
- Alô?
- Alô, Sra Liliam?
- Sim.
- É da escola de sua filha, Júlia. Estamos ligando para avisar que a escola fechará em meia hora e a ninguém veio buscá-la.
- Meu Deus! Eu perdi a noção completamente da hora. Perdoem-me, já estou a caminho.
- Estamos aguardando senhora.
- Sim, Obrigada!
Ao bater o telefone, pegou apenas seu casaco, sua bolsa e foi direto para escola primária Sonho Encantado. O único problema era que teria de ir andando, pois Matheus usava o carro para trabalhar. Mas mesmo assim, isso só levaria uns quinze minutos.
Quando chegou na porta da escola a menina já estava do lado de fora  esperando por ela, segurando a mão de sua professora. Liliam abriu um sorriso ao ver sua filhinha  foi andando em sua direção:
- Olá, como foi a escola hoje?
- Bem, hoje eu aprendi a fazer a tabuada de três.
- Verdade! Depois você me conta.
Olhou para a Lúcia a professora de Júlia e disse:
- Me desculpe pelo meu atraso. Como ela está indo?
- Muito bem, é a mais esperta da sala.
- Muito bem então, já vamos indo.
- Tchau, Tia Lúcia! – disse Júlia para sua professora.
Lúcia respondeu com um sorriso nos lábios:
- Tchau, meu amor! Nos vemos amanhã né?
- Sim, nos vemos!
As duas, mãe e filha, caminhavam e conversavam bastante pelo caminho de volta pra casa. Liliam demonstrava toda a sua atenção para com a pequena Júlia. E Júlia por sua vez, se empolgava ao falar de tudo que fizera durante o dia.
Ao entrarem na Rua Barão de Guaipi, avistaram uma carrocinha que vendia algodão doce. Ao ver a carrocinha Líliam perguntou a sua filha:
- Vamos comprar algodão doce?
A menina apenas respondeu:
- Ahã!
Pararam na carrocinha para comprar o doce. Júlia de repente escuta alguém chamando pelo seu nome do outro lado da rua. Ao se virar para ver era um linda mulher: loira com os olhos azuis, usando um vestido verde e um colar de esmeraldas. A mesma mulher que Thiago havia visto na noite de seu desaparecimento.
A mulher segurava em uma das mãos um lido balão vermelho e com a outra acenava para Júlia, chamando-a com um sorriso sinistro.
A menina se desprendeu da mão de sua mãe e foi até a mulher. Atravessou a rua e andou em sua direção. A mulher desta vez apenas esperava por Júlia com os braços abertos:
- Olá, Júlia!
- Como você sabe o meu nome?
- Eu conheço sua mãe. Também sou amiga dela.
Júlia olhava fixamente para o balão. A mulher, por sua vez perguntou docemente:
- Você quer, Júlia?
A menina apenas sacudiu a cabeça acenando que sim. Neste momento Liliam viu que sua filha estava parada sozinha em frente a antiga mansão do Barão de Guaipi, do outro lado da rua. Ao vê-la, chamou por seu nome:
- Júlia! – a menina olhou – Vamos embora!
A mulher olhou para Júlia e disse:
- Vá até ela agora, mas volte. Estarei te esperando aqui.
A pequena atravessou a rua e pegou na mão de sua mãe que lhe entregou um grande algodão doce. As duas seguiam pra casa quando Júlia olhou pra trás, a mulher ainda estava ali, parada com um sorriso lhe acenando um tchau.

2 comentários:

  1. Sinistro! A sua estoria é cheia de suspense
    e está excelente!
    Estou anciosa e curiosa pra saber o
    que vai acontecer.
    Bjos

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  2. a vinícius em ficou show a estoria hein, acho que vou criar um blog pra mim tb rsrsrsrsrs vc e a elaine estao mes inspirando heuheuheuhuehuhe continua assim!!!!!!!

    ps: acho que vou fazer sobre o Cal.....!!! hauhauhuahuahuhauhauha. um abraço te quarta

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